UM LÍDER, UMA HISTÓRIA
José Elisnaldo Mota Pinto nasceu no dia 02 de abril de 1975 no
Distrito do Missi em Irauçuba, Filho de Joaquim Pinto Farias e Francisca
Mota Sousa Pinto,ele agricultor e ela professora.
Começou sua carreira estudantil no Missi em 1979, quando tinha quatro
(04) aninhos apenas, com a Professora Inês Cordeiro Magalhães numa
escola que funcionava na casa daquela professora. No ano seguinte
estudou na Escola Antonio Américo de Azevedo também no Missi com a
professora Raquel Linhares Carneiro. Teve que parar os estudos em 1981,
devido ao tratamento médico que precisou fazer em Fortaleza, voltando a
estudar no ano seguinte na comunidade de Bueno na Escola Walmar de
Andrade Braga. Somente em 1984 voltou a estudar no Missi, onde terminou o
então primeiro grau (ensino fundamental) em 1991. Iniciou o ensino
médio em 1992 e terminou em 1994 na escola da CNEC Centro Educacional
Paulo Bastos na sede de Irauçuba. Durante o ensino médio, foram muitas
as estórias que marcaram a história do Zé Mota e de seus companheiros no
percurso de Missi a Irauçuba. Carro superlotado, rios cheios,
incompreensões, cansaço por chegar em casa meia noite todo dia… tais
fatores foram importantes para a formação de uma mentalidade justa
naquele jovem, que desejava ver as coisas melhores para todos. Para cada
cem (100) jovens que concluíam o ensino fundamental, pouco mais de
trinta (30) concluíam o ensino médio. E este índice ainda era pior na
zona rural devido a dificuldade de acesso à escola que ficava só na
sede. Isso levou muitos jovens, em vez de estudarem, a ir embora para o
sudeste do país em busca de trabalho, onde, em muitos casos, já estavam
seus pais. A fome era fator imediato, portanto, decisivo pra esta
verdadeira ‘arribação’, de nordestinos para o sul, como bem descreve o
Poeta Pernambucano João Cabral de Melo Neto no Livro Morte e Vida
Ceverina.
Como jovem, estudante, empolgado e já sofrido, o Zé Mota não aceitava
que aquilo fosse uma sina dos nordestinos, como diziam. Por isso ele,
ainda em 1992, com 17 anos, começou a sua militância social, pensando na
comunidade onde morava, pois, dizia ele, esta sina só muda se o povo
melhorar a sua qualidade de vida. E como não podia mudar a realidade de
todos os nordestinos, tentaria mudar pelo menos a realidade dos da sua
terra. Naquela época o Missi não tinha um sistema de abastecimento de
água, apesar de ter cerca de 1800 habitantes. A água era retirada de
cacimbas escavadas na areia do Rio Lanchinha, próximo à sede do
distrito. Houve, na época um problema de saúde pública no Missi, devido à
contaminação da água que o povo tinha pra consumir. Assim, houve uma
grande mobilização da comunidade para sanar o problema, e o Zé Mota foi
pivô daquele movimento que culminou com a construção de um sistema de
abastecimento de água e esgoto moderno no Missi com recursos a fundo
perdido de um Banco Alemão, o KFW. Como o sistema era comunitário,
concomitante à implantação do sistema, foi fundada a Associação
Comunitária dos Moradores do Distrito do Missi, entidade que até os dias
de hoje gere o sistema de água nesta comunidade. E o Zé Mota que nem
filiado era por ser menor de idade, militava organizando a comunidade
para conseguir aquele, que no momento era seu maior sonho e necessidade.
Na mesma época juntou os jovens do lugar e criou um grupo de
quadrilha junina chamado “Arraiá Pão de Açúcar”, homenageando o nome do
Missi antes de virar distrito, pensando na valorização local. Aquele
arraiá foi vitorioso em diversos festivais na região e foi marco para o
surgimento de dezenas de outros grupos de quadrilhas juninas no
município, alavancando a cultura local.
Em 1998 foi um ano escasso, com pouca chuva em Irauçuba. Naquele ano o
governo do estado veio ao Missi fazer um diagnóstico das
potencialidades locais. O Zé Mota imbuído do pensamento de
desenvolvimento local, participou ativamente do processo. Descobrindo os
potenciais do lugar e com o objetivo de desenvolver tais
potencialidades, o Zé Mota fundou em 17 de maio de 1999 a Associação dos
Produtores Rurais e Artesãos do Missi APRAM, criando assim um espaço de
discussão, organização e valorização do artesanato e da agricultura
familiar da comunidade. A APRAM é hoje uma bandeira do artesanato em
Irauçuba e na região participando de diversas feiras em todas as esferas
da federação. Há 10 anos a APRAM organiza e realiza a MISSIART, uma
feira de artesanato e arte que reúne pessoas de toda a região na última
sexta e sábado de agosto em praça pública no Missi. A MISSIART
transformou-se num espaço de negócio, entretenimento e turismo,
eliminando os atravessadores, gerando oportunidades, valorizando e
divulgando os produtos e produtores e fomentando o desenvolvimento
local. Ele foi o primeiro presidente da APRAM de 1999 a 2004.
Em 1998 foi aprovado para professor no concurso público em Irauçuba,
sendo lotado na Escola Josefa Clotilde Tabosa Braga no Missi, onde é
professor Polivalente no ensino fundamental I e professor de História no
ensino fundamental II. Depois foi nomeado Coordenador Pedagógico da
Escola Josefa Clotilde, cargo que assumiu por quatro (04) anos. O
contato mais direto com a juventude foi fundamental para disseminar suas
ideias de liberdade, justiça e desenvolvimento local.
De 1998 a 2001 cursou Faculdade de Pedagogia pela Universidade
Estadual Vale do Acaraú – UVA; de 2001 a 2002 especializou-se em
História e Geografia pela UVA; de 2002 a 2004 cursou Pós-Graduação em
Metodologia do Ensino Fundamental e Médio Pela UVA e atualmente cursa
Pós-Graduação em Educação Contextualizada para Convivência Sustentável e
Solidária com o Semiárido Brasileiro pelo CNPQ/UVA.
Neste período, o Zé Mota já militava no movimento social com seus
companheiros e companheiras de ideologia. Foi membro fundador de
instituições e movimentos importantes para a transformação da história
recente de Irauçuba. Vejamos algumas:
FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES DE IRAUÇUBA – FAI
As associações eram entidades de pura ficção. Existiam de direito,
mas não de fato. A grande maioria exista dentro duma pasta debaixo do
braço de lideranças políticas para legitimarem suas ações eleitoreiras.
Buscavam um e outro projeto junto aos governos do estado e federal, pois
estes exigiam que fosse através de associações, mas as comunidades não
se reuniam para debater seus interesses, e quando faziam, era no período
de eleição com aquela suposta liderança que se colocava como o salvador
daquela comunidade.
Assim surgiu a FAI com o objetivo de ser um fórum de discussão dos
interesses daquelas comunidades. Andamos em muitas associações
explicando aos seus sócios o que era de fato o movimento associativista e
a força que o povo tem quando está junto e organizado. Logo muitas
associações se integraram à FAI e os resultados apareceram. Passamos,
como entidade da sociedade civil, a ter assento nos fóruns regionais e
estaduais de discussão das ações do terceiro setor. Neste ínterim,
criamos o Fórum Irauçubense para convivência sustentável e solidária com
o semiárido brasileiro. Conseguimos, com estas articulações, como ONG,
junto ao Ministério do Desenvolvimento Social MDS através do P1MC –
Programa 1 Milhão de Cisternas, junto à CARITAS, junto ao CETRA, dentre
outros parceiros, a construção de mais de 500 (quinhentas) cisternas de
placas para as famílias da zona rural de Irauçuba que foram feitas num
regime de parceria com as associações comunitárias em todo o município. A
partir daí diversas outras comunidades procuraram a FAI para criar
associações e assim o movimento se estendeu e atualmente, existem mais
de cem (100) associações comunitárias, de bairro ou classista em
Irauçuba, onde a sua grande maioria integra um projeto do atual Governo
Municipal que virou lei municipal chamado “Alianças da Cidadania”, que é
um fórum mensal para debater a implantação das políticas públicas
municipais onde estão presentes os presidentes de associações e todo o
primeiro escalão do governo municipal e os vereadores.
INSTITUTO CACTOS
O Instituto Cactos é uma ONG que foi fundada simultaneamente a FAI
com o objetivo de fomentar a discussão e desenvolver formação referente
ao tema DLIS – Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável no
Semiárido. Junto com as Cisternas de Placas, as comunidades também
recebiam os Cursos de Gerenciamento Hídrico, onde os técnicos do
Instituto Cactos passavam um ou dois dias na comunidade em oficina com
os moradores ensinando-os como usar corretamente a cisterna. Eram dias
de muito esclarecimento e descobertas. As comunidades descobriam o seu
poder e nós conhecíamos cada vez mais o nosso município, seu povo, suas
dificuldades e seu potencial.
Atualmente o Instituto Cactos coordena, em parceria com a Prefeitura
Municipal de Irauçuba, um curso de Especialização (Pós- Graduação) em
Educação Contextualizada para a Convivência Sustentável e Solidária com o
Semiárido Brasileiro, patrocinado pelo CNPQ e ministrado pela
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. O curso conta com 70
participantes e atende cursistas de Irauçuba e de vários municípios da
região norte.
PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE – PHS
Em 2002, o Movimento Social Organizado em Irauçuba já estava robusto.
Muitas comunidades já tinham percebido a força do seu povo e da
organização coletiva. Então, os apelos por mudança nos campos políticos e
administrativos não só aumentavam como cresciam em qualidade.
E nesta atmosfera foi fundado o PHS em Irauçuba, com o objetivo de
trazer as discussões sociais também para um espaço eminentemente
político. E teve como Presidente Raimundo Nonato Sousa Silva
(Nonatinho), atual prefeito de Irauçuba, e Vice-Presidente José
Elisnaldo Mota Pinto (o Zé Mota), partido o qual ele é filiado até hoje,
ocupando o cargo de Secretário Geral.
Mas foi no ano de 2000 que os ideais do DLIS ganharam mais força
ainda no Zé Mota. Durante um curso de Agente de Desenvolvimento – ADES,
feito na Fundação ACOOD no Município de Massapê, os participantes
puderam experimentar na prática ações com vista à implantação do
Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável em suas comunidades.
De volta ao seu município, o Zé Mota e seus companheiros
intensificaram o trabalho visando o desenvolvimento da sua terra. Logo
procuraram ampliar os espaços de participação social dando maior
destaque ao debate ideológico.
Em 2002 o PHS decidiu votar em deputado estadual e federal próprios, o
que revoltou as lideranças políticas que mandavam no município há quase
meio século. Houve retaliação pós-eleição. Muitos que eram funcionários
públicos sofreram pressão por terem optado por uma posição diferente no
voto.
Em 2004, a atmosfera política do município apontava a situação unindo
toda a oposição em torno de si e cantando candidatura única, uma vez
que os únicos partidos que não estavam na base aliada da situação era o
pequenino PHS e o PT que, embora fosse grande a nível nacional, era
nanico em Irauçuba. E para aquela época, parecia impossível alguém ter
pelo menos coragem de enfrentar tamanho poder instalado já há 47 anos.
Ainda mais sem uma história política forte nem dinheiro, tal desiderato
seria utopia.
O que os grandes daquele tempo não sabiam é que o povo já tinha
percebido que quando organizado ele era imbatível nem que aqueles jovens
do PHS tinham coragem de verdade e sabiam o que queriam para o seu
município. Então foi isso que aconteceu: o PHS lançou o Bacharel em
administração Raimundo Nonato Sousa Silva, o Nonatinho, para Prefeito,
tendo um agricultor assentado para vice-prefeito, indicado pelo PT,
único aliado. Lançou uma chapa com nove candidatos dos dois partidos
para vereadores, com o objetivo de eleger pelo menos um (01).
A campanha foi batizada de tostão contra o milhão. A coligação
“Cultivando a Esperança” formada pelo PHS – PT era chamada de “pé no
chão” e ganhou imediatamente proporções grandiosas, por se identificar
com as camadas mais simples e mais numerosas da população. O resultado
foi uma eleição espetacular. O povo assumiu a campanha, empunhou a
bandeira da mudança e o Nonatinho ganhou a eleição com quase 1800 (um
mil e oitocentos) votos de maioria, elegendo também um único vereador, o
Zé Mota com 529 votos. Em 2008 o Nonatinho foi reeleito com 2800 (dois
mil e oitocentos) votos de maioria e o PHS saiu de um para três (03)
vereadores, sendo um deles o Zé Mota que foi reeleito com 732 votos.
A gestão de oito (08) anos do PHS em Irauçuba foi impecável,
transformou a história de Irauçuba. Com o lema Gestão Ação Ética e
Cidadania, o Prefeito Nonatinho liderou uma verdadeira revolução neste
município, elevando todos os índices de desenvolvimento humano,
econômico, social e político da municipalidade. Sem parar de trabalhar
desde o primeiro dia que assumiu, resgatou a credibilidade interna e
externa do município, pagou dívidas do passado, moralizou a coisa
pública e deu vida à cidade. A autoestima do povo irauçubense renasceu e
os sonhos proliferaram. A educação, saúde e o social foram priorizados;
as ações coletivas substituíram os benefícios individuais e programas
grandiosos mudaram a vida de muita gente. O processo de industrialização
fez o município correr a passos largos e o PIB cresceu 800% (oitocentos
por cento).
Esta revolução foi defendida, pregada e brigada pelo Zé Mota na
câmara municipal. Nunca fugiu nenhuma discussão. Encarou todos os
momentos bons e ruins. Brigou quando foi preciso e dialogou quase
sempre. Empunhou bandeiras como a defesa da educação de qualidade, da
segurança pública e da valorização do funcionalismo público. Foi assim
quando liderou na Câmara a criação e aprovação do Estatuto do Servidor
Público, a implantação do Plano de Cargos e Carreiras e Salários dos
Profissionais do Magistério PCCS, dentre outras bandeiras de lutas.
Em todas as conquistas do município nestes últimos anos, o Zé Mota esteve diretamente ligado a elas. É, sobretudo, um líder.
Mostrou ser um excelente gestor/administrador quando assumiu a
Secretaria da Educação em 2010 e focou a leitura e a escrita como
objetivos a serem alcançados. Mobilizou toda a comunidade irauçubense
para atingir as metas traçadas. Não parou nem um dia, coordenou,
avaliou, redirecionou ações, fez um trabalho de acompanhamento de forma
que foi aplaudido por todos os profissionais da educação no final do
ano. E o resultado foi um avanço astronômico das escolas de Irauçuba na
avaliação do SPAECE, inclusive tendo uma Escola Nota 10, a Escola João
Mariano no Bairro do Mocó na sede que alcançou a maior proficiência do
estado com 280 pontos. Foi assim também quando em 2011 ele assumiu a
Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Agropecuária do Município, com
o objetivo de reestimular o processo de industrialização. Isso
aconteceu: de outubro de 2011 a abril de 2012 as vagas de trabalho nas
fábricas quase que dobraram e outras indústrias estão apenas aguardando a
conclusão de galpões para se instalarem.O Zé Mota é um político
vocacionado. Acredita que a política é o meio mais fácil para
proporcionar o bem comum